terça-feira, 18 de março de 2008

Agricultura Familiar e o Mercado Sustentável

O século XXI se iniciou com o reconhecimento de uma realidade inconveniente: a de que o modelo hegemônico de produção e consumo inviabilizará a manutenção da vida humana com a qualidade a que ele se propõe garantir. Neste contexto, é possível observar uma adaptação do mercado, de forma que ele possa atender às condições de sustentabilidade que se apresentam inadiáveis.

Interessante apontar para o fato de que, apesar desta diferenciação, o mercado permanece com os mesmos atores. Aqueles que produziram a degradação que aproximou a humanidade da autodestruição serão os mesmos que lucrarão com as oportunidades geradas pelas atividades sustentáveis.

Distante dos grandes acertos que definem os rumos do mundo para um futuro melhor, a agricultura familiar mantém sua característica de produção mediante uma estreita interação com o ambiente natural, numa simbiose que permite a geração de excedentes econômicos e a conservação dos recursos naturais.

Indiscutível que a estrutura deste setor agrega indicadores mais consistentes de sustentabilidade do que aqueles oferecidos pela maior parcela de atividades do agronegócio e da indústria, entre outras. Assim mesmo, os pequenos agricultores são pouco lembrados por seus serviços ambientais, razão pela qual têm recebido poucos benefícios financeiros em troca de suas ações.

Isso pode ocorrer porque, como a agricultura familiar produz um reduzido impacto ambiental, qualquer ação por ela adotada como forma de mitigar danos geraria poucos créditos, ou seja, as melhorias seriam de pouca dimensão quando comparadas, por exemplo, àquelas provenientes da adoção de biocombustíveis pela frota de veículos de uma grande cidade.

Em face destas constatações, o que se propõe não é a inclusão da agricultura familiar no amplo mercado, o que inevitavelmente exigiria modificações substanciais em seu modo de produção. Objetiva-se a valorização de um modelo diferenciado e que a cada dia confronta a auto-afirmação dos padrões existentes. Com isso, espera-se oportunizar aos agricultores familiares o acesso a novas fontes de renda, o que também possibilita uma expansão do diálogo entre diferentes realidades e por conseqüência uma maior oferta de opções ao desenvolvimento sustentável.

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